Florestas de Eucalipto: a verdade por trás dos mitos

Florestas de Eucalipto: a verdade por trás dos mitos

Praticamente todas as vezes que alguém toca no assunto floresta de eucaliptos, surgem várias dúvidas, todas amplificadas por opiniões que circulam no meio há mais de 50 anos. E de tanto serem repetidas, estas opiniões acabaram se transformando em “verdades” que, infelizmente, ainda circulam por aí. Nesta matéria, vamos desmistificar a principal: o consumo de água destas florestas de eucaliptos e seu impacto no meio ambiente.

Florestas de Eucalipto: a verdade por trás dos mitos.

No começo dos anos 70 começou a circular, não só no Brasil, mas em vários países, a “teoria” de que as plantações de eucalipto secam o solo, acabando com as águas dos lençóis freáticos e até mesmo secando nascentes e riachos. Este pensamento foi repetido à exaustão nas escolas, na imprensa e até mesmo no mercado, e terminou por se transformar em uma “verdade incontestável”, criando uma aura negativa em torno das florestas deste tipo de árvore. A crença nessa inverdade foi tão grande e difundida que, no início dos reflorestamentos no país, muitos estados chegaram a proibir o plantio de eucalipto. Mas afinal, até onde essa história é verdade? É possível saber a realidade?

Os muito fatores em jogo

Quando falamos no secamento das nascentes, o grande problema atribuído às florestas de eucaliptos, é preciso lembrar que a natureza, assim como clima, é muito variada em todo o território nacional. Há regiões quentes e úmidas, frias e secas, quase desérticas entre outras, fazendo com que uma análise macro sobre o assunto seja quase impossível. Quando migramos para uma análise micro, há outros fatores envolvidos nos prejuízos às fontes, nascentes e lençóis freáticos.

Aqui, entram em cena o desmatamento das áreas ao redor das nascentes, um péssimo ou mesmo inexistente planejamento hídrico urbano, além da falta das ações de manejo na agricultura. A soja, a cana de açúcar, os pastos e outras culturas têm um grande impacto neste cenário e suas áreas são infinitamente mais extensas que a silvicultura do eucalipto, ou seja, causam um impacto muito maior.


A realidade

De acordo com diversos estudos, o uso excessivo de água pelas florestas de eucalipto está longe de ser verdade. Algumas pesquisas deixam claro que as florestas de eucalipto consomem menos água que as florestas nativas:
Amazônia – 1.500mm/ano
Mata Atlântica – 1.200mm/ano
Plantio de Eucalipto –800 a 1.200mm/ano

Fonte: CIB

Outro fato interessante merece ser levado em conta: a folhagem dos eucaliptos retém menos água que as folhagens das árvores de florestas tropicais, permitindo que mais líquido chegue ao solo. Além disso, as raízes dos eucaliptos são pivotantes, ou seja, descem mais profundamente ao invés de se espalharem horizontalmente. Isso faz com que a água penetre mais profundamente ainda no solo, atingindo camadas inferiores do estrato e abastecendo os córregos.

Quando comparado às culturas agrícolas, o eucalipto não mostra consumo excessivo de recursos hídricos: Cana-de-açúcar – 1.000 a 2.000mm/ano Café – 800 a 1.200mm/ano Eucalipto – 800 a 1.200mm/ano *Cada milímetro corresponde a um litro por metro quadrado Fonte: Calder et al., 1992, e Lima W. De P., 1992

Outra comparação possível é olharmos para a quantidade de água utilizada por cada cultura agrícola:
Cerrado – 1 kg de madeira / 2500 litros
Batata – 1 kg de batata / 2000 litros
Milho – 1 kg de milho/ 1000 litros
Cana-de-açúcar – 1 kg de açúcar / 500 litros
Eucalipto – 1 kg de madeira/ 350 litros

Fonte: Novais et al, 1996

Os dados, como os estudos de Walter de Paula Lima. Professor de Hidrologia Florestal da Esalq-USP, não deixam dúvidas: o eucalipto não é o grande vilão hídrico imaginado e a controvérsia sobre o assunto é infundada. A questão das nascentes e da preservação dos recursos hídricos vai muito além deste tema e precisa ser encarada de maneira ampla, envolvendo o poder público, a iniciativa privada e a sociedade.

As informações desta matéria são fruto do estudo de especialistas do tema, como Ian Calder, Walter de Paula Lima e Maria José Brito Zakia, além de publicações de organizações como o Diálogo Florestal e o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)As informações desta matéria são fruto do estudo de especialistas do tema, como Ian Calder, Walter de Paula Lima e Maria José Brito Zakia, além de publicações de organizações como o Diálogo Florestal e o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)

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