Como você pode ler aqui, a realidade sobre as florestas de eucalipto é muito diferente de mitos (sem qualquer fundamento), propagados desde os anos 1980. Mas o que pouca gente sabe é que, além de não ser danoso ao meio ambiente, a cultura de eucalipto pode ser muito benéfica para a recuperação de florestas nativas em áreas degradadas.

Reflorestamentos de eucalipto: os benefícios são reais.

A empresa que fez o estudo não poderia ser mais confiável: a Embrapa Monitoramento por Satélite. Neste estudo, desenvolvido pela entidade vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ficaram comprovados os bons resultados referentes às vantagens da silvicultura do eucalipto em propriedades agrícolas de diferentes biomas.

Os estudos desenvolvidos pelos pesquisadores trazem como benefícios a absorção do carbono e o surgimento de novas espécies de árvores. Estes dados foram apontados pelos projetos GeoVale – análise da distribuição geoespacial e aspectos ambientais da eucaliptocultura na bacia do Rio Paraíba do Sul – e BioBrotas – diversidade da fauna, regeneração arbórea e análise espacial em propriedade silvicultural e seu entorno.

A realidade aparece. E é comprovada.

De acordo com o pesquisador da entidade Carlos Cesar Ronquim, as crenças disseminadas de que as florestas de eucalipto são “desertos verdes” e que o “eucalipto esgota” os nutrientes do solo e “seca o lençol freático” são exatamente isso: crenças sem fundamentação científica. Aliás, a verdade é exatamente o contrário. Segundo ele, “…áreas de sub-bosques, sejam de eucalipto ou de pinus, podem funcionar como redutos de biodiversidade e até como facilitadoras da restauração de florestas nativas”.

E os benefícios não param por aí.

Carlos Cesar afirma que nos sub-bosques de reflorestamento, não há a competição entre novas árvores e as gramíneas, facilitando o surgimento das árvores. Além disso, a silvicultura de eucalipto ainda cria boas condições de fertilidade e umidade do solo, além proporcionar um microclima que favorece o aparecimento da flora nativa: “… o cultivo do eucalipto é uma boa opção para ajudar na recuperação da cobertura florestal em áreas de propriedades degradadas, tanto pela pecuária, quanto pela agricultura intensiva. E isso atende à legislação ambiental para Reserva Legal, oferecendo ao agricultor uma rentabilidade econômica com a venda da madeira”, acrescenta.

Mais dados!

No estudo, foi avaliada a grande diversidade de espécies arbustivo-arbóreas que ocorrem no sub-bosque de plantios de Eucalyptus e Pinus no Brasil, por meio da revisão de mais de oitenta trabalhos científicos. “Ao todo foram identificadas 83 famílias, 354 gêneros e 1133 espécies nativas desenvolvendo-se sob as copas dos Eucalyptus spp e Pinus spp”, conta ele sobre a alta diversidade comprovada pelos trabalhos de pesquisa. E um detalhe importante: entre as espécies encontradas nestes sub-bosques, diversas não são produzidas em viveiros comerciais e 18 das que foram encontradas são atualmente ameaçadas de extinção. “Dentre todas estas espécies, 35% ocorrem somente no bioma Mata Atlântica e 16% somente em fisionomias do bioma Cerrado. As demais espécies, 45% do total, ocorrem em ambos os biomas”, relata ele.

Ao contrário do que pode ser imaginado, estes estudos mostram que a baixa diversidade de espécies na silvicultura de eucalipto pode ser a forma adequada para garantir o sucesso da restauração do bioma nativo. “Apesar da carência de trabalhos e do pequeno tamanho dos fragmentos estudados, a biodiversidade de espécies nativas arbóreas e arbustivas encontradas é relevante e qualifica esse tipo de fragmento florestal como muito útil para o surgimento, desenvolvimento e manutenção de espécies florestais nativas”, avalia Carlos Cesar.

Ainda segundo o pesquisador, cultivar uma única espécie exótica, com o manejo adequado, é claro, possibilita um maior sucesso na recuperação de áreas florestais nativas, o que vai ao encontro da conciliação com a Lei Estadual Paulista nº 12.927/2008 e o Decreto nº 53.939/2009, que permitem a compensação da área de Reserva Legal por meio do plantio de espécies exóticas intercaladas às nativas, uma alternativa economicamente viável para os proprietários de terras.

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