O ano de 2021 trouxe – e ainda trará – inúmeros desafios para as indústrias de todo o mundo. No Brasil, acontece o mesmo e, talvez, em escala ainda maior. E entre esses desafios, obviamente está a geração de energia, que pode enfrentar, no final de 2021 e em 2022 uma grave crise, devido às condições climáticas. Mas também há ótimas notícias: o cenário das energias renováveis traz um contraponto positivo para a situação.
A Biomassa em 2021. A solução perfeita?
A Biomassa é um dos destaques do setor energético de 2021 e tem tudo para ser a grande estrela em 2022. Por quê? Por causa do momento em que vivemos e de como a Biomassa como geradora de energia poderá colaborar para mudar um cenário complexo e preocupante.
Desde maio, especialistas apontam que a falta de chuvas durante o ano pode comprometer o fornecimento de energia em todo o país, ainda este ano. De setembro de 2020 a março de 2021, o Sin – Sistema Interligado Nacional, registrou o menor volume de chuvas nos reservatórios dos últimos 91 anos. Em São Paulo, por exemplo, março teve apenas 139 milímetros de chuva, número 35% abaixo da média histórica.
Segundo o professor da USP – Universidade de São Paulo, Pedro Cortês, “Por conta dessa estiagem tivemos uma recarga menor dos reservatórios, tanto para abastecimento urbano quanto das hidrelétricas na região Sul, o que afetou também parte do estado de São Paulo”. Este cenário, inclusive, fez com que o Brasil passasse a importar energia elétrica de países vizinhos, como a Argentina e o Uruguai.
Há ainda a possibilidade de que 2022 traga uma realidade ainda mais preocupante. Segundo nota divulgada pela Aesel – Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobras – se as chuvas entre o fim de 2021 e o início de 2022 não ocorrerem em quantidade bem acima da média histórica, há a tendência de que a crise energética do próximo ano seja bem mais grave.
A Biomassa na crise energética.
Neste contexto de escassez de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do País, as usinas de biomassa podem gerar uma grande produção adicional de energia a curto prazo superior aos contratos em vigência no Mercado Livre de Energia.
Ainda em 2021, a biomassa conseguiria gerar um total de 1.800 GWh de energia adicional. Em 2022, este número pode chegar a 3.500 GWh, segundo estudo realizado pela Cogen – Associação da Indústria da Cogeração de Energia.
Segundo este estudo, esta energia adicional viria de aproximadamente 100 empreendimentos, gerando o equivalente a uma hidrelétrica de 800 MW em capacidade instalada.
A cogeração energética
No Brasil, a cogeração de Energia é realizada por 627 usinas com mais de 19GW de capacidade instalada, correspondendo a 10,8% da matriz energética do país, número que equivale à 1,36 vezes a geração da energia de Itaipu (14 GW).
A cogeração em operação comercial no país teve um aumento de 115,3W de fevereiro a maio de 2021, devido à operação de novas usinas e à ampliação de algumas já existentes.
No ranking por unidades da federação, o Estado de São Paulo lidera a lista com 249 usinas e 6.940 MW instalados, perfazendo 36% do total nacional. A segunda posição é ocupada pelo Mato Grosso do Sul, com 28 usinas e 1.891 MW instalados, correspondendo a 9,4% do País.
Os setores industriais que mais utilizam a cogeração de energia são o Sucroenergético (11.893 MW), Papel e Celulose (2.515 MW), Petroquímico (2.275 MW), Madeireiro (766 MW), e, Alimentos e Bebidas (624 MW). Eles também apresentam um alto potencial de contribuírem por meio geração de energia acima de seu consumo para a solução ou diminuição desta possível crise energética que se avizinha.
Independentemente de serem ou não a solução para a crise energética no Brasil, é fato aceito de que elas podem prevenir a paralisação das operações das empresas que já utilizam a tecnologia, evitando problemas na cadeia produtiva e mantendo a indústria nacional ativa e o mercado abastecido.